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quarta-feira, 20 de outubro de 2021

"MARIA MESQUITA: UMA VOLUNTÁRIA QUE AMAVA A FAZENDA DA ESPERANÇA DOM ELISEU EM BRAGANÇA DO PARA"



 DATA DE NASCIMENTO: 19/07/1961            DATA DE FALECIMENTO: 06/05/2018

 

"MARIA MESQUITA: UMA VOLUNTÁRIA QUE AMAVA A FAZENDA DA ESPERANÇA DOM ELISEU EM BRAGANÇA DO PARA"  

 

Depois que Maria Mesquita faleceu todas às vezes que passava em frente da sua casa sentia como um impulso a tentar escrever sua experiência como forma de compartilhar e realizar o seu último desejo. É que na última visita que a fiz antes falecer, ela me agradeceu por eu a ter convidado para ser voluntária da Fazenda da Esperança e quanto a espiritualidade vivida na Fazenda a tinha feito superar tanta dor e confessou que depois de fazer um exame de consciência minucioso o único peso que carregava era o arrependimento de não ter contato seu testemunho para os recuperandos e familiares da Fazenda da Esperança Dom Eliseu ... eu havia pedido várias vezes pra ela contar... como forma de ajudar ... ela sempre dizia que ainda não estava preparada ...  

 

Chorou e disse que tinha prometido a Deus que caso se recuperasse daquela doença a primeira coisa que faria era contar o seu testemunho ... eu falei você vai contar e a consolei ... uma semana depois ela faleceu ... eu nem acreditei ... ela parecia que estava se recuperando ... e se foi... depois de sua partida repentina ... eu pensei em ir na Fazenda reunir os recuperandos e familiares e contar seu testemunho de vida ... mas todas que às vezes que planejei surgiram imprevistos ... depois veio a pandemia do COVID-19 que não queria mais ir embora ... então pensei em escrever e comecei rabiscar num papel... mas o que falar desta figura tão ímpar e tão com o coração de serviço ... posso resumir assim ... MARIA MESQUITA: UMA VOLUNTÁRIA QUE AMAVA A FAZENDA DA ESPERANÇA DOM ELISEU EM BRAGANÇA DO PARÁ.  

 

Me lembro do dia que ela bateu no portão de casa e me pediu informações sobre a Fazenda da Esperança, pois segundo ela uma amiga estava tendo dificuldades com a filha envolvida com drogas ... depois que a filha adotiva dela morreu ... ela confessou que na verdade era ela que estava tentando tirar a filha deste mundo sombrio das drogas ... e em meio as lágrimas me contou toda a história da filha, uma história muito triste com m final trágico. 

 

A filha tinha se envolvido com drogas pesadas crack, cocaína e heroína e tinha fugido de casa e no compartilhamento de seringas tinha adquirido AIDS ... depois de procurar muito a filha ... soube que ela estava morando como mendiga debaixo de uma ponte em Belém ...  ela ainda conseguiu encontrar a filha viva, mas que morreu em seus braços, completamente desfigurada, esquelética ... até os dentes haviam caído devido ao uso de drogas ... me lembro de ver a dor nos olhos da Maria Mesquita como uma espada atravessando o coração ... e na tentativa de fazer algo que pudesse superar aquela dor a convidei para ajudar na cozinha no dia da visita dos familiares dos recuperandos da Fazenda da Esperança ... ela aceitou ... depois se apaixonou por toda a missão da Fazenda.  

 

Já não ia somente no dia da visita ... mas todas às vezes que precisavam de voluntários vinham busca-la pra ajudar ... numa das visitas do Frei Hans na Fazenda de Bragança ... ela foi escolhida para cozinhar .... depois ela feliz da vida disse que o Frei Hans gostou tanto da comida que ela preparou que a convidou pra ir para a Fazenda de Guaratinguetá ... ela não foi mas ficou muito feliz com os elogios e com o convite feito pelo Frei Hans ... dava pra ver o brilho nos olhos e cara de felicidade dela me contando os detalhes ...    

 

Maria Mesquita aprendeu a amar a Fazenda, os recuperandos como se fossem seus filhos e os recuperando a respeitavam e tinham muito carinho com ela ... me disse que sempre dava atenção as mães que pareciam estar sofrendo por seus filhos ... porque era uma forma de curar também a sua dor ... e também porque ela as compreendia muito bem ... Sempre repetia uma frase das nossas conversas ... que nos amamos Jesus porque Ele entende a nossa dor ... porque Ele experimentou na própria pele todas as dores e nos compreende sem muita explicação ...e a nossa dor também nos faz compreender a dor dos outros... Pois: "só se entende a dor dos outros quem as experimentou um dia".  

 

Autora: Katia Regina Correa Santos 

Escrito em: 20.10.2021

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